Escrito por *Prof. Don Josinaldo (04/03/12)
Certa vez este ano uma pessoa escreveu como anônimo o seguinte: “Para de falar besteiras Josinaldo, tu fosse, e parece que continua sendo um frustrado na carreira de juiz. Quem és tu para avaliar o juiz da FIFA Chicão?”. E recebi um grande adjetivo de alguém que não é anafalbeto, e sim quem sabe utilizar, em tese, a língua padrão.
Até que eu concordo com ele na grande maioria. Só desconcordo em uma coisa: ser anônimo. Será que ele tem medo de dizer quem é? Bem, acredito que sim. Deve ser uma pessoa que subiu por meios de favores e quem sabe de forma ilícita.
Vamos, então, para as coisas que eu concordo. Em 1987, comecei a bandeirar jogos amadores com 8 anos de idade. Já em meados de 1989, passei a frequentar a Federação Alagoana de Desportos (FAD), hoje se chama FAF. Desde daquele tempo iniciei entendendo como funciona os bastidores na arbitragem alagoano.
De 1991 a 1995 fiz parte da Lifama, já não existente mais. Foi uma época que me ajudou em muito a melhorar a minha forma de apitar jogos. Que escola de arbitragem!
No ano de 1995, adentrei no curso de formação de árbitros da FAF, e no final fiquei em 4º. lugar na classificação geral, só atrás de três grande nomes: Sivaldo Silva, Sirrez de Aquino e José Irandir. Um curso que trouxe para arbitragem alagoana jovens árbitros de grande nível técnico.
E em 1996, atuei como 4º. árbitro no início do campeonato profissional, no Estádio Rei Pelé, no jogo CRB e União. Fui o primeiro árbitro jovem, tinha 18 anos de idade, a atuar num jogo profissional. E em 1998, fui escolhido pela imprensa alagoana o melhor árbitro do futebol amador.
Lancei um livro intitulado: “A radiografia da arbitragem” que teve até cobertura da Rádio Difusora de Alagoas ao vivo com a reportagem de Rodrigo Veridiano e uma matéria na TV Gazeta (pelo Madson Delano). Escrevi a Oração do Árbitro e tive vários textos publicados na Revista O Árbitro, da APAF, de Portugal.
Em 2003, deixei a FAF por não concordar com certas questões de comando e que não dava oportunidades para quem deveria receber por meritocracia. Resolvi terminar o meu curso superior em Letras (Português-Espanhol). Por incrível que pareça fiquei mais rico quando saí de lá.
Como falou a pessoa, sou frustrado sim. Fiz tudo isso e não me arrependo. Pior do que isso é ver gente subir sem mérito e há casos por troca de favores. Bem, se fosse para crescer com esses caminhos, realmente não queria.
Fui perseguido por conhecer realmente as leis do jogo, saber falar outro idioma, escrever de forma correta as súmulas dos jogos e pedir que as coisas tivessem mais transparência na condução dos atos de quem comandava a arbitragem.
Como a pessoa não gostava de ser solicitada e questionada por certas atitudes, acabei sendo como outros tantos afastados de jogos e de oportunidades como subir de nível ou quadro.
Até hoje quantos árbitros foram perseguidos e deixaram a arbitragem por conta dessas coisas. É um fato lamentável e vergonhoso. Há árbitros que estão ainda na ativa que só subiram devido as coisas que já citei. E digo mais, esta pessoa que escreveu de forma anônima é uma delas. Já sei quem foi e peço a Deus que possa mudar de comportamento e atitude. Porque depois ela vai sentir o que ela conseguiu sem ter o devido mérito.
Se sou frustrado por causa disso, sou sim! Defendo a “meritocracia” no seio da arbitragem, principalmente a alagoana. É por isso que muitos ainda fazem absurdos em campo, por causa da forma que entrou no quadro local e até no nacional.
Até quando a arbitragem alagoana terá credibilidade com essas artimanhas de se chegar a um cargo ou nível? Sabe quando? Ou muda ou vai ficar sem espaço para todos.
Outra coisa, quem pode analisar o árbitro ou assistente? Quem tem conhecimento de causa, um árbitro que se formou no curso ou passou por uma capacitação nas leis do jogo. E pode alguém sem ser árbitro comandar e analisar os árbitros? Claro que sim, basta ter o entendimento necessário para tal assunto: que é a arbitragem. Um exemplo disto é o diretor de árbitros da Federação Paulista de Futebol, o Cel. Marinho, ele não é árbitro, mas tem muita competência para isso. Como também o prof. Arnoldo Barbosa Lins, de Rio Largo-AL, foi diretor de árbitros da liga de lá e uma das pessoas que conheci com muito conhecimento das regras do jogo. Isso sim, é para poucos!
Portanto, eu posso sim analisar qualquer árbitro, como também da FIFA. Ninguém é um deus, aliás, só há um. Todos são seres humanos. E para esta pessoa digo: antes de vir falar certas coisas, aprenda a subir pelo seu mérito, se você não aprendeu a escrever súmulas e apitar direito é porque não deveria estar. É lamentável vir querer ser um anjo quando é um desclassificado. Olhe para sua vida como árbitro e olhe a minha como me comportei lá. Que diferença existe entre nós. Isso ninguém me tira as qualidades que deixei como exemplo! E vou continuar escrevendo sobre arbitragem queira ou não.