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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Simon estuda ingresso na política e diz não ter sucessor no apito

O nome Carlos Eugenio Simon esteve em voga durante 2009. O árbitro apitou decisões, esteve em jogos internacionais, mas, a despeito de seu status de número 1 do país, segue sem desfrutar da condição de unanimidade. Simon atendeu a reportagem do UOL Esporte em seu escritório no centro de Porto Alegre e afirmou que o Brasil não tem nenhum nome na arbitragem capaz de substituí-lo depois da aposentadoria, que deve ocorrer no meio de 2010. "Atualmente, com todo respeito aos outros, ninguém engloba o que faço. Ser um bom árbitro, ter uma conduta firme na sociedade e ajudar a classe. Ninguém está pronto para ser meu sucessor", diz categoricamente.

A Fifa divulga no próximo dia 21 a lista dos árbitros que estarão na copa da África. O nome de Simon estará lá. O próprio juiz afirma "sendo confirmado, paro de apitar na Copa". O futuro ainda está em aberto mas oportunidades não faltam. Amigo íntimo e ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, convidou Simon para concorrer a uma vaga de deputado federal no Rio Grande do Sul. O juiz não deu a resposta final e vê com bons olhos o caminho da política. Outra alternativa é exercer sua faculdade de jornalismo, atuando como comentarista de televisão. "Houve um convite de uma grande emissora, mas vamos com calma. Estou focado nessa possibilidade de ir para a Copa. Quero muito apitar este torneio", comenta.


Caminhando para a terceira Copa seguida, Carlos Simon procura manter uma vida normal. Foi presidente do Sindicato dos Árbitros do Rio Grande do Sul até o final de 2009. Trabalhava em uma sala com vista para o rio Guaíba, com uma mesa a sua frente que apoiava uma foto com o presidente Lula, um computador e seus celulares. Em uma das paredes um mural improvisado ajudava a lembrar amigos e momentos importantes. Simon tem discurso forte. Defende um descanso para Leonardo Gaciba, ex-companheiro do quadro da Fifa, que foi reprovado nos testes físicos; não se sente perseguido por segmentos da imprensa, mas entende que seu nome tem peso a tal ponto de influenciar comentaristas nas análises e afirma que os números comprovam que ele não persegue Rogério Ceni. Acompanhe abaixo a entrevista completa.

UOL Esporte: A terceira Copa do Mundo seguida. Feito histórico, Simon.

Simon: Verdade, estou na história do futebol mundial. Estive no mundial de clubes, em Dubai, e me perguntavam como eu conseguia com 44 anos estar neste momento. Eu sempre me dediquei demais e estou pronto física e psicologicamente.

UOL Esporte: Você se sente perseguido por setores da mídia quando apita lances polêmicos?

Simon: Eu não diria perseguido. Isso é o peso do nome. Carlos Simon todo mundo conhece. Isso dá repercussão. E outra coisa, só vão entrevistar o árbitro quando ele erra. Daí tem 50 na saída do vestiário. Apitou bem, vai embora sem ninguém na volta. Apitei muito bem dois jogos em Dubai e ninguém falou nada. Se eu tivesse me equivocado certamente seria manchete.

UOL Esporte: Você citou o fator psicológico como importante. Pode ser isso que tem prejudicado Leonardo Gaciba, que saiu do quadro da Fifa?

Simon: Tenho um apreço muito grande pelo Gaciba. Ajudei ele demais no início e sei que é um baita árbitro. Infelizmente tem esse problema. Ele entregou o escudo de mão beijada, uma coisa inaceitável. O Gaciba tem que parar e pensar, se preparar bem. Não adianta ficar fazendo testes toda hora, que faça quando estiver realmente pronto.

UOL Esporte: Como você reagiu às declarações do presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo?

Simon: Eu não vou me manifestar sobre este caso. Está na Justiça, com o meu advogado. Ele vai ter que provar o que disse. Só posso dizer que todas as vezes que falaram tanto quanto neste caso as provas foram ao meu favor. Imagens de outros ângulos, depoimento de jogadores envolvidos.

UOL Esporte: E aquela frase do Rogério Ceni, depois da expulsão no jogo contra o Santos, que se sente perseguido por você...

Simon: Cada um fala o que bem entende. Eu não me preocupo com o que os outros pensam, acham. Já estou bem maduro neste aspecto. Nesse negócio do Rogério é o seguinte: apitei 45 jogos dele. Expulsei duas vezes (a outra expulsão foi em um jogo do São Paulo contra o Vasco, em São Januário) e dei três amarelos. Isso é perseguição? Deixo essa pergunta no ar para vocês.

UOL Esporte: Você está com 44 anos, quando pretende se aposentar?

Simon: Olha, se meu nome for confirmado, paro na Copa do Mundo. É uma ideia.

UOL Esporte: E o futuro, depois de parar. Segue no futebol?

Simon: Eu recebi propostas. Para ser candidato a deputado federal, comentarista de televisão. Vamos ver, estou focado na Copa, se meu nome for confirmado, claro.

UOL Esporte: Esse convite da política foi feito pelo PT?

Simon: Sim, pelo meu grande amigo e companheiro Olívio Dutra. Fomos colegas sindicais há muito tempo. Mas vamos com calma.

UOL Esporte: Bom, se aposentando, quem seria seu sucessor?

Simon: Olha, atualmente, com todo respeito aos outros, ninguém engloba o que eu faço. Ser bom árbitro, ser firme na sociedade e ajudar a classe. Ninguém está pronto para ser meu sucessor. Dentro de campo tem alguns. O Gaciba é um deles.


Jeremias Wernek
Em Porto Alegre (RS)

Fonte: UOL (04/01/10)

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